no ponto


Se você prefere a carne daquele jeito em que não está mais vermelha em nenhum ponto, o nome é bem-passada, certo?

Mas se você a prefere na cor rubra, ou até mesmo sangrando, como chama?

Pois é, eu fiquei pensando: mal-passada descreve mesmo o jeito de sua carne preferida? Pois se o seu gosto é comê-la assim, não está mal-passada. Está corretamente feita. Ou, na pior das hipóteses, não-passada. Os gaúchos dizem "no ponto". Mas o termo se incorporou ao vocabulário e aí estamos nós, dizendo que está mal algo que, para muitos, está muito bem feito. É assim mesmo que era pra ficar.

E aí acabamos aplicando a mesma lógica na vida. Você fez um trabalho legal mas "ah, nem foi grandes coisas". Você cozinhou com tanto cuidado ,mas foi "mal e porcamente". Alguém repara num pequeno defeito num mar de acertos e você aceita, Ou ainda considera mal feito o que pra muitos está corretamente ajustado.


Mal-passado.

Mas o que para uns é mal-passado (como pra mim, que prefiro bem), para outros, é "no ponto". Olhe de outro ponto de vista e você vai ver que muito do que fazemos e vivemos ajusta-se perfeitamente com a descrição "muito bem-feito". No ponto. Mesmo que outros tantos chamem diferente.

Mal passado mesmo, por definição, é erro perdoado. Passou e não volta. Pelo menos pra Deus. Ele é a fonte de quem quer fazer de novo, bem feito, mesmo errando muitas vezes, pois tem uma vida no ponto.

Ponto de fé.

Fonte da imagem

Comentários

Anônimo disse…
Me pai é muito crítico, ele sempre está corrigindo o modo de falar, de pronunciar das pessoas, e isto acaba afastando-o do convívio com os outros, por que para falar com ele primeiro tem-se que pensar em construir uma frase correta, pois senão é um sermão... mesmo na conversa mais simples e banal

Postagens mais visitadas deste blog

Nos trilhos

O Carpinteiro e os jardineiros