Tudo bem


“E aí, tudo bem?”
Uma das saudações mais corriqueiras hoje em dia, ao lado de “e aí, tranquilo?”; “sempre em frente?”, entre outras.
Há quem diga que não se deve perguntar ‘tudo bem?’, já que pode não estar, e a gente não terá tempo para ouvir. Outro motivo seria porque é difícil alguém cuja vida está, de fato, tudo bem.

Tudo bem, pode ser.
Mas, e se existirem tipos diferentes de respostas ao ‘tudo bem’?

Pode ser que responder que sim implique “tudo quase perfeito”. Saúde em dia, emprego, nenhum problema de relacionamento no trabalho. A família unida, se entendendo completamente. Os amigos, prontos para os momentos necessários. A inflação sob controle e os preços, perfeitos. Filhos ideais. Uma pessoa ao lado que nos faz sentir amados e que sabe ser especial, diariamente carinhosa, alegre e gentil.

Por outro lado, pode vir a resposta contrária, “nada bem”. Brigas constantes, emprego ruim ou até mesmo nenhum. Desilusão amorosa, saúde instável, governo corrupto, chefe mala. Filhos que não ouvem, pais que não entendem, preços altos, comida sem sal, trabalho pesado. Amigos insensíveis, unha encravada, chuva na festa. Trânsito engarrafado, correria diária, dor nas costas, relatórios com prazo quase vencendo, uma noite mal dormida. Derrota no fim.

Mas creio que há um ‘tudo bem’ diferente. Um em que existem as coisas que vão muito bem, obrigado. E as coisas que não vão muito bem, paciência. O dia em que o sol não aparece e a noite completa e perfeita. O emprego que não paga tão bem, mas proporciona grandes companhias. O companheiro(a) que às vezes está de mau humor e outras vezes, surpreende como ninguém mais saberia fazer.
Um ‘tudo bem’ que se permite até mesmo um dia ‘nada bem’, pois sabe que até nestas horas, algo nunca muda. O bem que vem de Deus.

Este ‘tudo bem’ não nos ilude atrás da eterna positividade e impede de jogarmos no poço da constante negatividade. Um lugar em que existe um centro, um fundamento que sustenta a vida, fortalece a fé, dá perseverança e leva a lutar. Em Jesus Cristo encontramos o eixo sobre o qual coisas boas e ruins podem se alternar, mas jamais deixamos de estar ‘tudo bem’, Se está dando certo, euforia e celebração. Se algo dá errado, perseverança e reflexão. Mas em tudo, a certeza de que está tudo bem. Porque está nas mãos Dele.

No fundo, tenho dúvidas se os dois primeiros são razoáveis. O terceiro parece traduzir melhor a vida de todos nós. Pois com a fé em Deus dentro do peito, estamos bem. A vida nunca é ilusoriamente colorida nem escuramente deprimida.

É vida real.

Comentários

Rahel Lehenbauer disse…
Essa reflexão em lembrou uma brincadeira que faço... quando recebo parabéns no meu aniversário eu comento: não diga isso, eu não mereci completar esse ano de vida e nem mesmo pude fazer muita coisa por mim mesmo para chegar até aqui. O mérito dessa dia é todo de Deus... ele sim merece nossos "parabéns"! Além de um belo obrigado...

rs

A brincadeira-séria tem funcionado bem para iniciar boas conversas com quem não conhecia nada sobre essa perspectiva da vida...
Lucas Albrecht disse…
Um bom 'gancho', de fato, Rahel!

Postagens mais visitadas deste blog

Nos trilhos

O Carpinteiro e os jardineiros