Deixar ir

Determinadas situações do meu cotidiano, quando incomodam, duram enquanto não forem resolvidas. Não tem outro jeito. Seja se faço algo ou se fazem algo para mim, seja por ou sem querer de ambas as partes; se incomodou, fica martelando, perturbando. É preciso, de alguma forma, deixar ir.

Foi assim, dia desses. Um incidente, mal-entendidos. Volto para minha sala, ainda de cabeça quente. Mas já sabia, me conhecendo, que não conseguiria mais trabalhar em nada o resto da tarde se aquilo não fosse resolvido. Escrevi um email, expliquei o motivo. Recebi a resposta. Então, pude trabalhar novamente.

Sem deixar ir, algumas coisas pequenas podem tomar proporções difíceis de recuperar.

Quais são as que nos impedem de trabalhar, aprender, viver? Algumas são grandes, está certo. Mas e aquelas que, com uma simples atitude poderiam ser resolvidas rapidamente?...
Mas, então, não se resolvem. Começam a acumular e, lá adiante, um casal se separa, uma amizade acaba, um conflito se instala, um estigma se solidifica. E, quando se nota, foi por causa do recado não dado, uma palavra mal interpretada, um detalhe não observado, uma toalha molhada em cima da cama.

É quando se percebe que não é só isso. São dezenas, centenas de “toalhas em cima da cama”, sedimentadas pelo orgulho e incompreensão, estragando algo que nunca precisaria ser perdido.

Deixar ir. Ponderar. Resolver. Esta é a proposta constante de Deus. Não apenas diante dele – diante de Quem a falha sempre está do nosso lado -, mas também diante do próximo. Seja se a culpa é mais nossa, seja se é mais do outro. Claro, para algumas situações, é preciso que o outro também saiba reconhecer e pedir desculpas. Mas para muitas, como filhos de Deus, movidos pela fé, e certo que vale mais um relacionamento na mão do que dois orgulhos voando.

Deixar ir serve para muitos momentos. Muitas situações. Todos os corações.

Só não pode servir de desculpa para as toalhas molhadas.

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