Os luteranos e a queda do Muro

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Em 1986, na igreja luterana de St. Nicolau em Liepzig, iniciou uma reunião de oração semanal, todas as segundas, 17:00, com o propósito de "Vivendo e permanecendo na Alemanha Oriental", pois as tribulações eram muitas e o povo não tinha liberdade de sair do país naquela época. No início só frequentavam os trabalhadores da cidade, mas, a cada semana, mais pessoas passaram a frequentar, e vinha gente de todas as cidades da Alemanha Oriental para orar por mudanças. O movimento cresceu e transbordou a igreja. Outras igrejas passaram a fazer parte do momento de oração semanal.

Em janeiro de 1989, houve uma grande demonstração dos cidadãos e, após as orações, eles foram para rua com folhetos convidando a participar da reunião as segundas. A polícia reprimiu a manifestação, realizou prisões e a tensão crescia a cada segunda-feira. Muitas vezes as reuniões eram realizadas na praça, em frente à igreja, pois o volume de pessoas era maior do que a capacidade da igreja. Bilhetes junto com flores, pedindo a libertação dos prisioneiros, eram colocados nas janelas. O movimento passou a ser amplamente comentado e replicado. As autoridades, cada vez mais tensaa, resolveram bloquear as ruas de acesso a a igreja em maio de 1989. Mas as reuniões continuavam, agora não só com os cidadões orando pela paz, mas havia também curiosos, policiais infiltrados, artistas e políticos.

No dia 4 junho, o mundo assistiu aos brutais eventos em Pequim, quando tanques invadiram a praça da paz. Esse evento na China ligou alerta máximo nas autoridades alemãs. No dia 10 de junho, a policia interrompe um festival de música nas ruas de Leipzig e leva presos flautistas e outros músicos, com receio do grande ajuntamento do povo. As reuniões de oração já congregavam perto de 50.000 pessoas.

Em 6 outubro de 1989, a Alemanha Oriental comerou 40 anos de fundação. Na segunda-feira, dia nove, 2 mil policias ocuparam os assentos da igreja de S. Nicolau às 14:30. As 17:00, a igreja abriu as galerias supeirores para ao povo entrar e realizou a reunião como de costume. O pastor pregou sobre as bem-aventuranças, entre outras coisas disse:
"Bem aventurado os pobres, e não: Felizes os ricos
Ame seu inimigo, e não: Derrube seu oponente...
... O espirito da paz precisa ir além dessas paredes. tomem muito cuidado de não serem rudes com os policiais quando sairem... tirem a pedra de dentro dos seus punhos cerrados. Nosso socorro e proteção estão somente no Senhor."

Os líderes da igreja sabiam que a maioria dos que iam as reuniões não eram fiéis, que havia muitos agentes da policia secreta infiltrada entre eles, mas a liderança era taxativa: "A igreja está aberta para todos. Onde mais eles poderiam ouvir os ensinos das bem aventuranças?" Na verdade, muitos policiais foram agradecer no dia seguinte o pedido de jogarem fora as pedras.
Ainda no dia 9 de outubro, 8 mil poliicias aguardavam a ordem de reprimir com a violência necessária a manifestação. Ao fim da reunião as portas da igreja se abriram e uma multidão do lado de fora aguardava com velas nas mão. Uma pessoa segurava a vela e outra protegia a chama.

Naquela noite foram 70 mil pessoas pela cidade, não houve violencia nem repressão. O chefe da policia secreta, STASI, declarou: "Tínhamos todas as estratégias preparadas cada opção de ação planejada, só não contávamos com velas e orações".

Na semana seguinte houve 120 mil pessoas e, na última segunda-feira de outubro, 500 mil pessoas nas ruas de Liepzig. Duas semanas depois, em Berlim, havia 1 milhão de pessoas nas ruas.

No dia 9/11/1989 o muro foi derrubado.


Fontes:

http://www.dw-world.de/dw/article/0,,4776699,00.html?maca=en-rss-en-ger-1023-rdf

http://www.dw-world.de/dw/article/0,,3805080,00.html http://www.leuenberg.eu/10379-0-

20
http://www.euronews.net/2009/10/10/leipzig-remembers-its-proudest-moment/

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